Eram realidades estranhas, sonhadas, debatidas
Mais do que simplesmente pensadas, eram ditas e ouvidas
Sonhos que se construíram, passo a passo, com empenho
Sonhos perdidos no tempo, a que não valeu o engenho
Infelizmente não esvoaçados, continuam a atormentar
Uma cabeça envolta no mundo a que não quer voltar
E os sonhos rodopiam, com promessas do que podia ser
Repetindo em desvario o sonho do que não pode acontecer
As certezas de outrora esvaem-se no corropio
De quem sente a vida perdida, quase presa por um fio
E correndo mais depressa, sem ser capaz de parar
Vai-se passando mais um dia a fugir do seu pensar
E os sonhos tornam-se pesadelos, cada visita sua a doer
Pelo futuro não construído, pelo medo de perder
O que nunca conseguiu sonhar, construir, fazer
E cujo simples pensamento põe sua alma a estremecer
E os dias de fuga passados, não levando a lado a nenhum
Relembram que o passado já foi e o futuro será só um
E que mesmo nesses dias sofridos e atormentados
Surgiram momentos outros, mais desjados que os sonhados
E no canto de uma boca, se espelha enfim um sorriso
Pensando em todos os problemas lidados com pouco siso
Porque a fuga não existe, a não ser na nossa cabeça
Quando o problema é nosso, não há forma que pereça
E a análise dos tempos, recentes, perdidos e passados
Leva a que novo sonho cresça, diferente do esperado
E os dias desperdiçados passam a ter novo sentido
E o futuro do passado, passa a sonho mais perdido
Pois novo rumo se levantou, novo sonho surgiu
Novos passos encaixaram no que foi de pio a pavio
Visto, revisto, entrevisto e por alguém ainda pensado
Mas por outros nunca vistos e ainda menos sonhado
E na tormenta do caos, no desejo da confusão
Surge algo que se deseja com todo o coração
Que o mundo de novo visto que se alimentou do passado
Seja o claro e novo poiso da calma do atormentado.
26/6/2006 - 14h58
(Comboio Lisboa-Cascais)
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